Os cromossomos são estruturas presentes no núcleo das nossas células que carregam o material genético — ou seja, o DNA com todos os genes que regulam o funcionamento do organismo. Cada célula humana saudável possui 46 cromossomos, organizados em 23 pares, sendo 22 pares autossômicos (iguais entre homens e mulheres) e 1 par sexual (XX em mulheres e XY em homens).
Quando ocorrem erros durante a formação dos gametas (óvulo e espermatozoide) ou na divisão celular, essas estruturas podem sofrer alterações. Essas alterações cromossômicas podem ter impacto significativo no desenvolvimento e na saúde da pessoa.
🔍 O que são alterações cromossômicas?
Alterações cromossômicas são modificações no número total de cromossomos ou na estrutura deles. Elas podem ser classificadas em alterações numéricas e alterações estruturais, e são uma das principais causas de síndromes genéticas, infertilidade, abortos espontâneos e algumas doenças hematológicas ou oncológicas.
Essas mudanças podem acontecer de forma espontânea (de novo) ou serem herdadas de um dos pais, mesmo que o portador não apresente sintomas.
🧩 Tipos de alterações cromossômicas
1. Alterações cromossômicas numéricas
Ocorrem quando há perda ou ganho de cromossomos inteiros. São chamadas de aneuploidias e incluem:
- Trissomia: presença de um cromossomo extra. A célula tem 47 cromossomos.
👉 Exemplo: Síndrome de Down, causada por trissomia do cromossomo 21. - Monossomia: falta um cromossomo. A célula tem 45 cromossomos.
👉 Exemplo: Síndrome de Turner, onde a mulher tem apenas um cromossomo X (45,X). - Poliploidia: número total de cromossomos é múltiplo de 23, como 69 ou 92. Em humanos, é incompatível com a vida e geralmente leva ao aborto precoce.
Essas alterações surgem por erros na não disjunção — falha na separação correta dos cromossomos durante a meiose ou mitose, resultando em gametas com número incorreto de cromossomos.
2. Alterações cromossômicas estruturais
Nesses casos, o número de cromossomos está normal, mas há mudanças na forma como o material genético está organizado. As principais formas são:
- Deleção: perda de um segmento do cromossomo. Pode eliminar genes importantes.
👉 Exemplo: Síndrome do Cri du Chat (deleção no braço curto do cromossomo 5). - Duplicação: um segmento do cromossomo é duplicado, levando ao excesso de cópias de certos genes.
- Inversão: o cromossomo quebra em dois pontos, e o segmento se reintegra invertido. Pode afetar a expressão gênica, mesmo sem perda de material genético.
- Translocação: troca de segmentos entre cromossomos diferentes.
Pode ser:- Balanceada: sem perda ou ganho de material genético — o portador pode ser assintomático, mas transmitir alterações para os filhos.Desbalanceada: há perda ou ganho de genes, com consequências clínicas.

📊 Como são detectadas?
O principal exame para identificar alterações cromossômicas é o cariótipo, que analisa os cromossomos ao microscópio. Ele permite visualizar o número e a estrutura cromossômica das células. Outras técnicas mais recentes incluem:
- FISH (hibridização in situ fluorescente): identifica regiões específicas do DNA com maior precisão.
- CGH-array e SNP-array: detectam microdeleções e microduplicações.
- Exoma e genoma completo: utilizados para identificar alterações em nível molecular quando o cariótipo é normal.
🧠 Quais os efeitos no organismo?
As consequências dependem do tipo, tamanho e localização da alteração cromossômica:
- Síndromes genéticas com características clínicas evidentes: como atraso no desenvolvimento, malformações congênitas, deficiência intelectual.
- Alterações “silenciosas”: sem sintomas aparentes, mas podem ser transmitidas para os filhos.
- Infertilidade: muitas vezes associada a translocações balanceadas ou inversões que interferem na produção de gametas.
- Abortos de repetição: alterações estruturais em um dos pais podem causar perdas gestacionais recorrentes.
- Doenças hematológicas: certos rearranjos cromossômicos estão relacionados a leucemias e linfomas.
🧬 Principais síndromes causadas por alterações cromossômicas
- Síndrome de Down (Trissomia 21)
Presença de um cromossomo 21 extra. Caracteriza-se por deficiência intelectual, hipotonia muscular, rosto com traços típicos e risco aumentado de cardiopatias congênitas. - Síndrome de Edwards (Trissomia 18)
Causa múltiplas malformações. A maioria dos bebês não sobrevive além do primeiro ano. - Síndrome de Patau (Trissomia 13)
Acomete múltiplos sistemas, como sistema nervoso central, coração e face. - Síndrome de Turner (Monossomia X)
Atinge apenas mulheres. Provoca baixa estatura, infertilidade e alterações no desenvolvimento puberal. - Síndrome de Klinefelter (XXY)
Homens com cromossomo X extra. Apresentam ginecomastia, testículos pequenos, infertilidade e, em alguns casos, dificuldades de aprendizado.
🧠 Hereditariedade e aconselhamento genético
As alterações cromossômicas podem surgir de forma espontânea (eventos de novo) ou serem hereditárias. Em muitos casos, um dos pais pode ter uma translocação balanceada e não apresentar sintomas, mas ter risco aumentado de gerar filhos com alterações desbalanceadas.
Por isso, é essencial o acompanhamento com geneticista e o aconselhamento genético, especialmente:
- Casais com histórico de abortos de repetição.
- Casais inférteis sem causa aparente.
- Pais de crianças com síndromes genéticas.
🔁 Relação com câncer
Embora o foco aqui seja alterações congênitas, vale destacar que certos rearranjos cromossômicos adquiridos, ou seja, que ocorrem após o nascimento, estão associados a diversos tipos de câncer.
Exemplos clássicos:
- Translocação t(9;22): gera o cromossomo Filadélfia, comum na leucemia mieloide crônica.
- Inversões e deleções: envolvem genes reguladores do ciclo celular e podem ativar oncogenes.
Esses eventos são estudados em citogenética onco-hematológica e têm impacto direto no diagnóstico, prognóstico e escolha do tratamento.
✅ Conclusão
As alterações cromossômicas representam uma área essencial da genética clínica e da medicina diagnóstica. Elas são responsáveis por síndromes genéticas, infertilidade, abortos espontâneos e até cânceres hematológicos. O estudo detalhado dessas alterações permite entender melhor as origens de muitas doenças, orientar famílias e oferecer tratamentos e estratégias de prevenção.
A identificação precoce por meio de exames como o cariótipo e técnicas moleculares avançadas é fundamental. E, sempre que necessário, o aconselhamento genético deve ser oferecido.
Quer adquirir Resumos prontos e eficientes para te ajudar nos estudos? Acessa o site e garanta o seu: https://drafranca.com/estudo-de-biomedicina/