Hipotireoidismo

O hipotireoidismo é uma condição clínica em que a glândula tireoide não produz hormônios em quantidade suficiente para manter o metabolismo corporal funcionando de forma adequada. Esse desequilíbrio hormonal pode afetar o corpo todo, desacelerando funções vitais como a frequência cardíaca, digestão, memória, crescimento e o gasto de energia.

Mesmo sendo um distúrbio comum, principalmente em mulheres e com o avançar da idade, muitas pessoas ainda convivem com sintomas por longos períodos sem saber que têm a doença.


📍 O que é a tireoide e por que ela é tão importante?

A tireoide é uma glândula endócrina com formato de borboleta localizada na parte anterior do pescoço. Sua função é produzir dois hormônios principais:

  • T3 (triiodotironina)
  • T4 (tiroxina)

Esses hormônios regulam o metabolismo celular, ou seja, a velocidade com que as células produzem energia e realizam suas funções. Quando estão em níveis normais, o organismo funciona de forma eficiente. Quando estão em baixa, tudo fica mais lento.

A produção desses hormônios é controlada por outro hormônio, chamado TSH (hormônio estimulante da tireoide), que é produzido pela hipófise, no cérebro.

Hipotireoidismo

⚠️ O que é o hipotireoidismo?

É o mal funcionamento da tireoide, que passa a produzir menos hormônio do que o necessário. Isso gera um metabolismo lento e vários sintomas progressivos. Pode surgir de forma lenta e silenciosa (hipotireoidismo primário) ou ser consequência de outros distúrbios.


🧬 Causas do hipotireoidismo

As causas podem variar dependendo do tipo:

1. Hipotireoidismo primário (mais comum):

Ocorre quando o problema está na própria tireoide.

  • Doença de Hashimoto (autoimune): o corpo ataca a glândula tireoide.
  • Deficiência de iodo (raro em países com sal iodado).
  • Pós-cirurgia da tireoide (tireoidectomia).
  • Radioterapia na região do pescoço.
  • Uso de certos medicamentos (lítio, amiodarona).

2. Hipotireoidismo secundário:

Quando o problema está na hipófise ou hipotálamo, que deixam de estimular a tireoide adequadamente.

3. Hipotireoidismo congênito:

Presente desde o nascimento. Pode causar retardo mental grave se não tratado precocemente.


👩‍⚕️ Quem tem mais risco?

  • Mulheres, principalmente após os 40 anos
  • Pessoas com histórico familiar de doenças autoimunes
  • Pacientes que passaram por cirurgia ou radioterapia da tireoide
  • Indivíduos com síndrome de Turner, Down ou diabetes tipo 1

🩺 Quais são os sintomas do hipotireoidismo?

Os sintomas surgem lentamente, o que dificulta o diagnóstico precoce. Eles refletem o metabolismo corporal desacelerado:

  • Cansaço constante
  • Sensação de frio mesmo em ambientes amenos
  • Pele seca e descamada
  • Queda de cabelo e unhas quebradiças
  • Constipação intestinal (intestino preso)
  • Ganho de peso mesmo comendo pouco
  • Depressão ou lentidão mental
  • Diminuição da libido
  • Irregularidades menstruais
  • Voz rouca e inchaço no rosto
  • Bradicardia (coração mais lento)
  • Em crianças: crescimento lento, atraso na fala e no aprendizado

🔬 Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito por meio de exames laboratoriais de sangue que avaliam os níveis de:

ExameInterpretação
TSH (hormônio estimulante da tireoide)Geralmente elevado no hipotireoidismo primário
T4 livreBaixo no hipotireoidismo clínico
T3Pode estar normal ou reduzido

Em alguns casos, também se avaliam anticorpos antitireoidianos, especialmente para confirmar tireoidite de Hashimoto.


⚙️ Tipos de hipotireoidismo

TipoCaracterísticaTSHT4 Livre
Clínico (manifesta)Sintomas evidentesAltoBaixo
SubclínicoSem sintomas, detectado por examesLevemente altoNormal
CongênitoDesde o nascimentoVariávelBaixo
SecundárioCausa hipofisária/hipotalâmicaNormal ou baixoBaixo

💊 Como é feito o tratamento?

O tratamento é simples e eficaz: reposição do hormônio tireoidiano com levotiroxina sódica (T4 sintético), por via oral e em jejum, geralmente pela manhã.

Pilares do tratamento:

  • Dose ajustada individualmente, com base no peso, idade e comorbidades.
  • Monitoramento regular dos níveis de TSH (a cada 6-12 semanas no início).
  • Uso diário e contínuo: a reposição é para a vida toda na maioria dos casos.

💡 Em hipotireoidismo subclínico, a decisão de tratar depende da idade, sintomas, presença de anticorpos e outros fatores de risco (como gravidez).


🧠 Complicações do hipotireoidismo não tratado

  • Mixedema (forma grave, com risco de coma)
  • Disfunção cardíaca (arritmias, insuficiência cardíaca)
  • Infertilidade
  • Déficit cognitivo em crianças
  • Ganho excessivo de peso
  • Depressão crônica

🧘‍♀️ Hipotireoidismo tem cura?

Na maioria dos casos, não há cura definitiva, mas o tratamento é altamente eficaz e permite vida normal.

Exceções incluem:

  • Hipotireoidismo transitório (após infecções ou parto)
  • Causas medicamentosas reversíveis
  • Casos com recuperação da função tireoidiana parcial

🥗 Estilo de vida e hipotireoidismo

Apesar do tratamento ser medicamentoso, algumas mudanças no estilo de vida ajudam no controle da condição:

  • Manter alimentação equilibrada (cuidado com excesso de soja e fibras ao redor do horário do medicamento)
  • Atividade física regular
  • Boa qualidade do sono
  • Controle de outras doenças associadas, como dislipidemias e resistência à insulina

📖 Conclusão

O hipotireoidismo é uma condição silenciosa e comum, mas que pode trazer complicações significativas quando não diagnosticada e tratada adequadamente. Com um simples exame de sangue e tratamento regular, é possível restabelecer o equilíbrio hormonal e melhorar completamente os sintomas.

Se você ou alguém que conhece apresenta cansaço constante, ganho de peso inexplicável ou alterações menstruais, procure um profissional de saúde e investigue a função da tireoide. Diagnóstico precoce é a chave para o controle eficaz.

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Dra. Fernanda França

Biomédica Patologista clínica, imagenologista e auditora. Criadora de conteúdo didático para estudantes e profissionais da saúde.

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