Tecido epitelial:

O tecido epitelial é um dos quatro principais tecidos do corpo humano (junto com o tecido conjuntivo, muscular e nervoso). Ele tem funções essenciais de proteção, absorção, secreção e percepção sensorial, além de compor grande parte das superfícies do corpo — tanto internas quanto externas.

Você pode encontrá-lo na pele, nos revestimentos do intestino, pulmões, rins, glândulas e muito mais. Apesar de parecer simples à primeira vista, esse tecido é altamente especializado e diverso em suas funções.

Tecido epitelial

🧬 O que é o tecido epitelial?

O tecido epitelial é um tecido composto por células justapostas, ou seja, células que ficam bem unidas umas às outras, com pouco ou nenhum material intercelular. Essas células formam camadas contínuas que revestem superfícies, cavidades e órgãos. Além disso, esse tecido está sempre apoiado sobre uma membrana basal, que separa o epitélio do tecido conjuntivo.

O tecido epitelial não possui vasos sanguíneos (é avascular), por isso depende da difusão de nutrientes vindos do tecido conjuntivo adjacente.


🛡️ Principais funções do tecido epitelial

O epitélio não é um mero revestimento. Suas funções variam de acordo com o local do corpo e o tipo de célula epitelial presente:

  • Proteção: impede a entrada de micro-organismos e substâncias nocivas (como na pele).
  • Absorção: permite a entrada seletiva de nutrientes (como no intestino delgado).
  • Secreção: produção de substâncias, como hormônios e muco (nas glândulas e sistema respiratório).
  • Excreção: eliminação de resíduos (nos túbulos renais).
  • Percepção sensorial: presente em estruturas como a retina e mucosa olfativa.

🔍 Características gerais do tecido epitelial

O epitélio apresenta características únicas que facilitam seu funcionamento:

  1. Polaridade celular: cada célula epitelial tem um lado “superior” (voltado para a luz da cavidade ou superfície externa) e um lado “inferior” (voltado para a membrana basal).
  2. Junções celulares: estruturas especializadas como zônulas de oclusão, zônulas de adesão e desmossomos, que mantêm as células unidas e regulam o transporte de substâncias.
  3. Alta capacidade de renovação: as células epiteliais estão constantemente sendo substituídas, especialmente em áreas de grande atrito como a pele e o trato digestivo.
  4. Avascularidade: como já dito, não há vasos sanguíneos no epitélio.

🧱 Classificação do tecido epitelial

A classificação do tecido epitelial se baseia em dois critérios principais:

1. Número de camadas celulares

  • Epitélio simples: possui apenas uma camada de células. Ex: epitélio intestinal.
  • Epitélio estratificado: possui várias camadas. Ex: epitélio da pele.
  • Epitélio pseudoestratificado: parece ter várias camadas, mas todas as células tocam a membrana basal. Ex: epitélio da traqueia.

2. Forma das células na camada mais superficial

  • Pavimentosas: células achatadas, semelhantes a ladrilhos.
  • Cúbicas: altura e largura semelhantes, lembram cubos.
  • Colunares (ou prismáticas): mais altas do que largas.

Essas classificações se combinam. Exemplos:

  • Epitélio simples pavimentoso: uma camada de células achatadas (ex: alvéolos pulmonares).
  • Epitélio estratificado pavimentoso: várias camadas com células superficiais achatadas (ex: epiderme da pele).
  • Epitélio simples colunar com microvilosidades: uma camada de células altas e especializadas na absorção (ex: intestino delgado).

🧬 Epitélio de transição (urotélio)

Existe uma categoria especial chamada epitélio de transição, encontrado exclusivamente nas vias urinárias (bexiga, ureteres, uretra). Ele é capaz de modificar sua forma de acordo com o grau de distensão da bexiga — achatando-se quando cheia e tornando-se mais cúbico quando vazia.


🧪 Especializações do epitélio

Certas estruturas especializadas aparecem em células epiteliais para exercer funções específicas:

  • Microvilosidades: projeções finas que aumentam a superfície de absorção. Ex: intestino delgado.
  • Cílios: projeções móveis que ajudam no transporte de muco ou partículas. Ex: vias aéreas.
  • Esteriocílios: longas microvilosidades não móveis. Ex: epidídimo.
  • Queratinização: presença de queratina na superfície de epitélios como o da pele, conferindo proteção adicional.

💧 Epitélio glandular

Quando células epiteliais se especializam em produzir e liberar substâncias, formam o epitélio glandular. Essas glândulas podem ser:

  • Exócrinas: liberam seu produto fora do corpo ou em cavidades, por ductos. Ex: glândulas sudoríparas, salivares.
  • Endócrinas: lançam hormônios diretamente no sangue, sem ducto. Ex: tireoide, hipófise.
  • Mistas: possuem porções exócrinas e endócrinas. Ex: pâncreas (que produz insulina e enzimas digestivas).

🧠 Importância clínica

O tecido epitelial é frequentemente afetado por lesões e infecções, já que é a primeira linha de contato com o ambiente. Algumas condições relacionadas incluem:

  • Carcinomas: tipo mais comum de câncer, originado de epitélios (pele, intestino, pulmão, mama).
  • Úlceras gástricas: lesões no epitélio do estômago.
  • Psoríase: crescimento acelerado e desorganizado do epitélio da pele.
  • Infecções virais (como o HPV) que afetam epitélios genitais.

Além disso, muitas biópsias diagnósticas são feitas em epitélios, já que são acessíveis e indicam alterações precoces.


🧬 Comparando com outros tecidos

O tecido epitelial se diferencia do:

  • Tecido conjuntivo: possui células mais espaçadas e grande quantidade de matriz extracelular.
  • Tecido muscular: especializado em contração.
  • Tecido nervoso: especializado em condução de estímulos.

📚 Conclusão

O tecido epitelial é um dos mais versáteis e essenciais do corpo humano. Ele reveste superfícies, protege, absorve, secreta e participa de funções sensoriais e hormonais. Sua estrutura bem organizada, sua capacidade de regeneração e suas especializações tornam o epitélio uma peça-chave na manutenção da homeostase corporal e na resposta a lesões e doenças.

Estudar esse tecido é um passo essencial para compreender a histologia e a fisiologia dos sistemas orgânicos. Além disso, tem enorme importância clínica, já que muitas doenças começam ou se manifestam no epitélio.

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Dra. Fernanda França

Biomédica Patologista clínica, imagenologista e auditora. Criadora de conteúdo didático para estudantes e profissionais da saúde.

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