Anticorpos:

Anticorpos são proteínas produzidas pelo sistema imunológico em resposta à presença de antígenos — substâncias reconhecidas como estranhas ao corpo, como vírus, bactérias, toxinas, parasitas ou células anormais. Esses anticorpos, também chamados de imunoglobulinas (Ig), são fundamentais na defesa do organismo contra infecções e desempenham papel central na imunidade humoral, que é mediada pelos linfócitos B.


🧪 Estrutura:

A estrutura básica de um anticorpo lembra a letra “Y” e é formada por quatro cadeias polipeptídicas:

  • 2 cadeias leves (L): idênticas entre si;
  • 2 cadeias pesadas (H): também idênticas entre si, mas diferentes das leves em tamanho e composição.

Cada cadeia possui uma região variável (V), responsável pelo reconhecimento do antígeno, e uma região constante (C), que define a classe do anticorpo e as funções efetoras. As regiões variáveis das cadeias pesada e leve se combinam para formar o sítio de ligação ao antígeno, também chamado de parátopo, que reconhece uma porção específica do antígeno chamada epítopo.

As regiões constantes das cadeias pesadas determinam a classe do anticorpo (IgA, IgD, IgE, IgG ou IgM) e estão envolvidas na ativação do sistema complemento e na ligação a receptores em células como macrófagos, neutrófilos e células NK.

Anticorpos

🔄 Mecanismo de ação:

Os anticorpos não destroem diretamente os patógenos, mas os neutralizam ou os marcam para destruição por outras partes do sistema imunológico. As principais funções são:

  • Neutralização: o anticorpo se liga a vírus, toxinas ou bactérias impedindo que se fixem às células do corpo.
  • Opsonização: marca o patógeno para ser fagocitado por células como macrófagos e neutrófilos.
  • Ativação do sistema complemento: desencadeia uma cascata de proteínas plasmáticas que causa lise do patógeno e recrutamento de células inflamatórias.
  • Aglutinação e precipitação: anticorpos multivalentes (como IgM) podem ligar vários antígenos ao mesmo tempo, formando agregados que são mais facilmente fagocitados.
  • Citotoxicidade dependente de anticorpos (ADCC): células NK reconhecem anticorpos ligados a células-alvo e promovem sua destruição.

🧫 Classes de imunoglobulinas

As imunoglobulinas são classificadas de acordo com a região constante da cadeia pesada. Cada classe tem características distintas em termos de estrutura, localização no corpo e função:

ClasseCaracterísticasFunções principais
IgGMonômero, mais abundante no sangueNeutralização, opsonização, ativa complemento, atravessa a placenta
IgADímero (em secreções) ou monômero (no sangue)Proteção de mucosas (saliva, lágrimas, leite, trato respiratório e gastrointestinal)
IgMPentâmero, primeira a ser produzidaExcelente ativadora do complemento, aglutinação
IgEMonômero, ligada a mastócitos e basófilosDefesa contra parasitas e envolvida em alergias
IgDMonômero, função pouco claraExpressa na superfície de linfócitos B imaturos, envolvida na ativação

🧬 Produção de anticorpos pelos linfócitos B

A produção de anticorpos começa quando um linfócito B encontra um antígeno específico para o seu receptor (BCR), que é uma forma de imunoglobulina de membrana. Esse contato, especialmente quando ocorre com ajuda dos linfócitos T auxiliares, leva à ativação do linfócito B.

A ativação induz:

  1. Proliferação: expansão clonal de células B específicas.
  2. Diferenciação em plasmócitos: células especializadas que produzem e secretam grandes quantidades de anticorpos solúveis.
  3. Produção de células B de memória: permanecem no organismo para responder rapidamente a futuros contatos com o mesmo antígeno.

Esse processo pode ocorrer com ou sem ajuda de células T:

  • Resposta T-dependente: mais duradoura, com produção de IgG de alta afinidade e memória imune.
  • Resposta T-independente: produz principalmente IgM, menos duradoura.

🧬 Maturação por afinidade e troca de classe

Durante a resposta imune, os linfócitos B podem passar por dois processos importantes:

  • Maturação por afinidade: mutações somáticas nas regiões variáveis aumentam a capacidade do anticorpo de se ligar com mais força ao antígeno.
  • Troca de classe (switching): a célula muda a produção de IgM para outra classe (IgG, IgA, IgE) conforme a necessidade imunológica, mantendo a especificidade do anticorpo.

Esses processos ocorrem nos centros germinativos dos folículos linfóides secundários.


🧪 Aplicações clínicas dos anticorpos

Anticorpos têm aplicação diagnóstica e terapêutica ampla:

  • Sorologias: testes que detectam anticorpos no sangue, indicando exposição a agentes infecciosos (como HIV, hepatites, dengue).
  • Diagnóstico de doenças autoimunes: anticorpos contra componentes do próprio corpo (autoanticorpos), como anti-DNA, anti-TPO, FAN.
  • Terapias com anticorpos monoclonais: anticorpos produzidos em laboratório para tratar câncer, doenças autoimunes e infecções.

Exemplos de anticorpos monoclonais incluem:

  • Trastuzumabe (HER2+) no câncer de mama
  • Rituximabe (CD20) para linfomas e artrite reumatoide
  • Adalimumabe (anti-TNF) em doenças inflamatórias intestinais

⚠️ Anticorpos e vacinas

Vacinas funcionam estimulando o sistema imunológico a produzir anticorpos contra um antígeno específico, sem causar a doença. Isso cria uma memória imunológica, de modo que, se o organismo entrar em contato com o agente real, os anticorpos já estarão prontos para agir rapidamente.

Vacinas podem usar antígenos atenuados, inativados, proteínas purificadas ou RNA mensageiro (como nas vacinas contra COVID-19).


🤝 Diferença entre antígeno e anticorpo

  • Antígeno: substância estranha reconhecida pelo sistema imunológico. Pode ser parte de microrganismo, toxina, célula transplantada etc.
  • Anticorpo: proteína produzida pelos linfócitos B em resposta ao antígeno. Se liga especificamente ao antígeno para neutralizá-lo ou marcá-lo para destruição.

📌 Considerações finais

Os anticorpos são peças centrais do sistema imunológico adaptativo. Sua estrutura especializada permite reconhecimento altamente específico, enquanto suas múltiplas funções efetoras garantem uma resposta imune eficiente. Compreender como eles atuam é essencial tanto na área biomédica quanto para interpretar exames laboratoriais, entender vacinas e acompanhar tratamentos modernos com anticorpos monoclonais.

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Dra. Fernanda França

Biomédica Patologista clínica, imagenologista e auditora. Criadora de conteúdo didático para estudantes e profissionais da saúde.

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