Síndrome Nefrótica: Entenda o Que É, Quais São os Sintomas, Causas e Tratamentos

A síndrome nefrótica é uma condição clínica importante e relativamente comum na prática médica, especialmente na nefrologia. Ela envolve uma série de alterações nos rins que afetam a filtragem adequada do sangue, levando à perda de proteínas pela urina e desencadeando diversos sintomas sistêmicos.

A seguir, vamos entender em detalhes o que é essa síndrome, por que ela acontece, quais os principais sinais e sintomas, como é feito o diagnóstico e quais os tratamentos indicados.

Síndrome Nefrótica

🧠 O Que É a Síndrome Nefrótica?

A síndrome nefrótica é um conjunto de sinais e sintomas causados pela perda excessiva de proteínas pela urina, especialmente a albumina, devido a alterações na barreira de filtração glomerular dos rins.

Essa perda de proteína leva a um desequilíbrio em todo o organismo, provocando edema (inchaço), alterações nos níveis de lipídios no sangue e redução da imunidade.


🔍 Características Principais

A síndrome nefrótica é caracterizada por um quadro clínico clássico com 4 achados principais:

  1. Proteinúria maciça: perda de mais de 3,5 g de proteínas na urina por dia.
  2. Hipoalbuminemia: níveis baixos de albumina no sangue (menos de 3 g/dL).
  3. Edema generalizado (anasarca): inchaço, principalmente em pernas, tornozelos, rosto e região abdominal.
  4. Hiperlipidemia e lipidúria: aumento dos lipídios no sangue e presença de gordura na urina.

Esses sinais podem aparecer juntos ou evoluir aos poucos. A severidade depende da causa da síndrome e da resposta do organismo.


🧬 Por Que Isso Acontece? Entendendo a Fisiopatologia

Nos rins, o sangue é filtrado pelos glomérulos, estruturas altamente seletivas que permitem a passagem de algumas substâncias e impedem a perda de proteínas. Na síndrome nefrótica, há lesão na membrana basal glomerular, que perde essa seletividade e permite a saída de grandes quantidades de proteínas para a urina.

A perda de proteínas leva a um desequilíbrio osmótico, que causa acúmulo de líquido nos tecidos (edema) e estimula o fígado a produzir mais lipídios (hiperlipidemia). Também há maior risco de tromboses e infecções devido à perda de proteínas imunológicas e anticoagulantes.


🔎 Quais São as Causas da Síndrome Nefrótica?

As causas da Síndrome Nefrótica podem ser primárias (renais) ou secundárias (relacionadas a outras doenças):

🔹 Causas Primárias

São aquelas em que o problema está diretamente no rim, sem doenças sistêmicas associadas:

  • Glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF)
  • Doença de lesões mínimas (DLM) – comum em crianças
  • Nefropatia membranosa
  • Nefropatia por IgA

🔹 Causas Secundárias

Ocorrem por doenças sistêmicas que afetam o rim:

  • Diabetes mellitus (nefropatia diabética)
  • Lúpus eritematoso sistêmico
  • Amiloidose
  • Infecções crônicas (hepatite B e C, HIV)
  • Medicamentos (AINEs, interferon, lítio)

⚠️ Sintomas Mais Comuns

Além da proteinúria e do edema generalizado, os pacientes podem apresentar:

  • Urina espumosa (indicando presença de proteína)
  • Ganho de peso súbito (por acúmulo de líquido)
  • Fadiga
  • Perda de apetite
  • Pressão arterial elevada (em alguns casos)
  • Infecções frequentes
  • Trombose venosa (especialmente em veia renal)

🧪 Como É Feito o Diagnóstico?

O diagnóstico da síndrome nefrótica envolve a análise de exames laboratoriais e clínicos:

🧫 Exames de Urina

  • Urina tipo 1: presença de proteínas, cilindros hialinos e lipídios.
  • Proteinúria de 24h: confirma a perda maciça de proteínas.
  • Exame de sedimento urinário: avaliação microscópica da urina.

🩸 Exames de Sangue

  • Dosagem de albumina e colesterol total
  • Função renal (ureia e creatinina)
  • Complemento C3 e C4 (em suspeita de causa autoimune)
  • Sorologias para HIV, hepatite B e C

🔬 Outros

  • Biópsia renal: indicada em casos de causa indefinida ou quando o tratamento não apresenta resultado.

💉 Tratamento da Síndrome Nefrótica

O tratamento depende da causa base, mas há abordagens gerais que são comuns:

🧴 Controle do Edema

  • Restrição de sal
  • Uso de diuréticos (como furosemida)
  • Em alguns casos, uso de albumina intravenosa

🧪 Controle da Proteinúria

  • Inibidores da ECA (enalapril, por exemplo) ou bloqueadores dos receptores da angiotensina II (losartana)
  • Corticoides (como prednisona), especialmente em doenças como lesão mínima

💊 Tratamento da Causa

  • Em doenças autoimunes: imunossupressores (ciclofosfamida, micofenolato)
  • No diabetes: controle rigoroso da glicemia
  • Suspender medicamentos causadores

🛡️ Prevenção de Complicações

  • Anticoagulantes em pacientes com risco de trombose
  • Vacinação (pneumocócica, hepatite B)
  • Suporte nutricional (suplementação proteica com orientação)

🧒 Síndrome Nefrótica em Crianças

Nas crianças, a doença de lesões mínimas é a causa mais comum. Elas geralmente respondem bem ao tratamento com corticoides, e a biópsia renal só é indicada se não houver resposta após 8 semanas.


🩺 Prognóstico

O prognóstico depende da causa. Muitas crianças apresentam remissão completa com o tratamento. Já em adultos, doenças como glomeruloesclerose e nefropatia membranosa podem evoluir para insuficiência renal crônica, exigindo acompanhamento prolongado.


🧬 Complicações Possíveis

  • Infecções bacterianas graves (por perda de imunoglobulinas)
  • Trombose venosa profunda
  • Insuficiência renal
  • Dislipidemia persistente
  • Hipocalcemia e osteoporose

🧾 Conclusão

A síndrome nefrótica é uma condição complexa, mas bem compreendida. Seu diagnóstico e tratamento exigem atenção a vários detalhes clínicos e laboratoriais. A perda de proteínas pela urina afeta profundamente o equilíbrio do corpo, exigindo cuidado multidisciplinar e acompanhamento médico regular. Com o tratamento adequado, muitos pacientes conseguem alcançar bons resultados e qualidade de vida.

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Dra. Fernanda França

Biomédica Patologista clínica, imagenologista e auditora. Criadora de conteúdo didático para estudantes e profissionais da saúde.

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